domingo, 26 de setembro de 2010

NO JOGO DA ELEIÇÃO HÁ MUITAS "BOLAS" NA CESTA

É tempo de eleição em Choriso. Não municipal, mas estadual e federal. Tem muita gente trabalhando para ela. O discurso é um só: ñ corre dinheiro nenhum, tudo é na base da pureza e uma onda de civismo domina o pessoal  mais vinculado à política partidária: chefes, chefas e colaboradores. Há alguns que levam o seu civismo a extremos, já tomados pelo estresse.


Nunca se viu tanta movimentação de gente nos bairros e ocupações da sede de Choriso. Dada a transparente honestidade nesta campanha eleitoral, seria possível entender-se que há coisas caindo do alto. Alimentos distribuídos a mancheias aumentam a sustança e podem modificar vontades, pela inoculação do vírus de captação ilegal e imoral de votos.


Quem se candidata ñ é rica, mas há badalações de manhã, de tarde e de noite, -- onde vale tudo, inclusive uma zoadeira infernal de disputante com pretensa leveza rosé... Há dois nativos de Choriso que se comportam com discrição, disputando o mesmo voto do mesmo povo, para com certeza testar o número de sufrágios que lhes possam assegurar mandatos de vereador em 2012.


Choriso pode aparentar ser imperialista, pq há gente q se apresenta com um rei (quiçá, uma rainha!) na barriga. Talvez seja por isto que o sistema oficial, num emaranhado ideológico, palmilha os túneis de saída para sobrevivência a todo custo. Divide-se em mentirinhas da boca pra fora e grosserias verdadeiras nas reuniões políticas. Apóia tudo que é candidato, mas ficam nos muros e nas falas isoladas, intimistas, o real das suas posições.

 SALVEM OS CORRUPTOS!

Julinho Mendes

- O bicho é danado! É um exímio ladrão, rouba e ninguém sente. É mais vivo que um gato, mais esperto do que um rato e mais astuto do que uma raposa. Gosta de viver escondido e, quando sai, sai disfarçado e, mesmo assim, com um olho virado pra frente e outro pra trás.

O bicho é egoísta e traiçoeiro, pois não reparte nada com ninguém e põe os outros em fria. Geralmente tem duas ou três mulheres.

Tem uma lábia que, de tudo o que ele fala, todo mundo acredita. É um verdadeiro larápio. Se falar em dinheiro, o bicho se derrete todo, seus olhos brilham e suas mãos coçam. Temos que ter cuidado com esse bicho!

Terminado o seu discurso, o siri-santola passou a palavra ao camarão.

- Temos que caçá-lo!

- Mas como? - Perguntou o sapinhauá.

- Vamos fazer uma arapuca e armar na beira do caminho. Na hora que ele for comer a isca, nós puxamos a corda!

- Não seja burro, camarão! - exclamou o baiacu - Você não sabe que ele faz outro buraco e foge?

- E se eu fizer uma porcaria dentro do buraco dele? - pontificou o peixe-porco.

- Não adianta nada, o bicho é mais porco do que você e vai gostar muito disso! - Interveio o saquaritá.

A polêmica estava formada e cada vez mais a câmara dos debates se enchia. Na fileira de baixo estava a lula, o polvo e o mexilhão; na fileira do meio, o timbale, o robalo e a perajica; na ala de cima, o peixe-cabra, o peixe-galo e o peixe-gato. E a discussão cada vez mais se acirrava, até que chegou o peixe-frade para por ordem na discussão.

- Calma, meus filhos, com esse nervosismo vocês não arrumam a solução. Deixem que eu irei conversar com o corrupto. Irei lhe mostrar as palavras de Deus.

- Seu Frade, o cação-anjo já teve esta idéia e não adiantou nada, o bicho também é ateu - Retorquiu a lagosta que estava de antenas ligadas. O bafafá recomeçou e o auditório era uma zoeira só... De repente, vindo cambaleando da superfície, caiu no meio do salão uma moeda de um real. O silêncio se fez total. Estava ali a solução do problema. Com toda sabedoria, o peixe-rei pensou na solução para caçar e prender o corrupto.

- Chamem aqui e agora o linguado e o siri-mirim! - Ordenou o peixe-rei. Enquanto aguardavam os dois, o rei explicou o seu plano para o auditório:

- O linguado e o siri-mirim são bichos que se camuflam na areia. Fica o linguado de um lado e o siri do outro lado do buraco. A hora que o corrupto sair do buraco, o linguado fecha e o siri agarra-o com suas pinças.

- Mas como fazer o corrupto sair do buraco? - Perguntou o burro do camarão.

- Tá vendo esta moeda de UM REAL, é só colocá-la um pouco afastada do buraco que o bicho vem correndo.

Não deu outra, na hora que sentiu o cheiro do dinheiro, o corrupto começou a suar frio, seus olhos faiscaram e, como um relâmpago, saiu do buraco para pegar o dinheiro. Foi aí então que prenderam o corrupto!

Com essa onda de corrupção em nosso Brasil, a mente do brasileiro fica traumatizada e começa a ter alucinações e pesadelos ruins. Comigo foi esse estranho sonho no fundo do mar. Acordei porque algo me apertava a garganta. Era o siri que me agarrava, pois era eu o corrupto. Coitado do corrupto! Ele é um bichinho que vive na beira da praia e que pode até estar em extinção devido à caça predatória de pessoas que o pegam para usá-lo de isca, sugando-o de sua toca na areia com aquela bomba, um aparelho feito com canos de PVC.